A calculadora é um instrumento comum na sociedade atual, mas o uso de tal instrumento em sala de aula, até pouco tempo atrás era extremamente proibido e ainda é um fator de muita discussão entre os educadores nos dias atuais. Portanto, o objetivo central deste artigo é procurar saber como a calculadora está sendo recebida em sala de aula atualmente pelos professores, sendo que, hoje em dia, a tecnologia está evoluindo rapidamente onde a nova geração nem chegou a conhecer as famosas máquinas mecânicas e as réguas de cálculo, utilizadas há uns quarenta anos atrás, enquanto a escola continua insistindo em técnicas um tanto rudimentares, alheia aos avanços tecnológicos, lembrando que atualmente as escolas estão sendo informatizadas, mas na maioria delas os computadores estão simplesmente servindo como repetidores de procedimentos educacionais que já eram efetuados antes da informatização, talvez seja este o motivo da crítica ao uso da calculadora em sala de aula, como sendo uma ferramenta acessível à todos, o problema encontrado com os professores quanto ao uso da mesma talvez possa ser a falta de investimento na capacitação dos mesmos para realizar um trabalho didático, sem repetições de comandos da máquina já conhecidos pelo aluno. Por isso é importante analisar se este instrumento será um meio facilitador para a aprendizagem dos alunos fazendo cálculos com mais eficiência, ou se o mesmo fará com que os alunos deixem de raciocinar, interferindo na aprendizagem dos mesmos.
Ora, sabemos que a calculadora é apenas um dos instrumentos tecnológicos acessíveis às classes populares, em outras palavras, é o mínimo que a escola pública pode proporcionar em termos tecnológicos aos educandos da educação básica. Ensinar Matemática é um desafio, principalmente para quem viveu, como aluno, a Matemática das regras, do mecanicismo, do estudar-para-passar, decorar a tabuada, as fórmulas ou os teoremas.
Assim, o presente artigo procura contribuir para uma visão mais moderna da matemática, considerando que não podemos esquecer o valor da matemática e usá-la somente como uma disciplina de fazer cálculos, mas sim como um meio de levar o aluno ao conhecimento específico e, inclusive, utilizando as tecnologias, principalmente aquelas que estão à nossa disposição para serem exploradas e aproveitadas como instrumentos educacionais capazes de mudar consideravelmente a maneira de pensar.
A calculadora é um recurso tecnológico que há muito tempo está presente na nossa sociedade. Ela evoluiu, sofisticou-se em versões com maior número de recursos de cálculo e até mesmo gráficos, ao mesmo tempo em que versões básicas tiveram seu preço reduzido, sendo democratizado o seu uso, permitindo o acesso de praticamente todos os alunos a esse instrumento. Apesar dessa realidade, a calculadora não é explorada adequadamente nas aulas de Matemática, nas escolas públicas. Muitas vezes ocorre de a mesma ser mais utilizada nas aulas de Química e Física (quando usada), do que nas aulas de Matemática, tornando-se, assim, ainda hoje, um tabu e, consequentemente, um impedimento. Deveria ser incentivado o seu uso onde todos os tipos de cálculos são exigidos e isso supostamente envolve, principalmente, as aulas de Matemática.
A calculadora pode ser um poderoso auxiliar na educação. A resolução de problemas aliada ao uso da calculadora como instrumento de investigação, de exploração, de verificação, estimativas e conjecturas pode contribuir muito para a aprendizagem matemática, deixando a mesma de ser um mero instrumento de cálculo e o problema uma mera aplicação de fórmulas; a calculadora pode facultar ao aluno mais tempo para pensar sobre o problema e suas possibilidades de resolução. A calculadora pode ser usada em todas as situações de sala de aula, mas, em especial, naquelas que envolvam problemas de investigação que possibilitem a discussão, a análise e a generalização. Ao adotar tal concepção e postura, o educador estará confrontando crenças e conceitos, desarticulando estabilidades associadas às concepções de alguns professores via formação inicial que concebem as aulas de Matemática centradas na memorização de regras, uso de fórmulas e cálculos que pouco contribuem para a compreensão do que está se ensinando. Considerando que o livro didático é a principal, quando não, a única fonte de pesquisa para o professor, a calculadora não tem o uso incentivado e, se o professor usa apenas o livro didático em suas aulas, a possibilidade de ‘empobrecimento’ dessas aulas é grande; também, com essa visão de ‘empobrecimento’ o uso da calculadora pode limitar-se a apenas substituir o cálculo manuscrito por um outro tipo de cálculo. Diante do exposto, constatamos que muito há ainda a ser feito e que as mudanças só ocorrerão em nossas salas de aulas se nós, professores, considerarmos necessárias; o que também vai exigir de nós, professores, mais planejamento, pesquisa, aperfeiçoamento, fazendo com que venhamos a dedicar mais tempo para o preparo de nossas aulas.
A considerar questões de outra ordem que envolvem a problemática do ser professor no nosso país, as mudanças irão exigir muito mais de nós, mas as responsabilidades não cabe apenas a nós, enquanto professores da Educação Básica: durante nossa formação inicial, na Graduação em Matemática, poucas foram as oportunidades em que pudemos usar a calculadora e, quando a utilizamos, não foi, muitas vezes, vinculada à prática; muito menos tivemos informações ou formação de como utilizá-las com nossos alunos. Apesar desse quadro, vislumbramos um horizonte mais humano e inclusivo para nossos alunos onde a calculadora esteja presente não apenas na resolução de problemas, mas que o seu uso em sala de aula não implique em restrições.
Ao professor de Matemática está destinado o voltar a sua atenção para as inter-relações de sua prática pedagógica com o contexto histórico e social, a fim de promover um ensino de Matemática de maneira política, histórica e social, compreendendo o seu real papel nesse processo, assim como compreender que aprender Matemática é muito mais do que decorar fórmulas, repetir modelos, exercitar técnicas, ou melhor, a Matemática não pode ser vista apenas em seu caráter formal, como um campo de conhecimento pronto e acabado.(Por Silvania Batista da Silva & Sonner Arfux de Figueiredo)
O USO DA CALCULADORA NA SALA DE AULA
Apesar do uso da calculadora ter se tornado comum no nosso cotidiano, a instituição escolar tem persistido, na melhor das hipóteses, em ignorar a sua existência, pois ainda chega a proibir o seu uso. Segundo Pucci: “o problema mais sério aqui é, creio eu, fingir que a calculadora ainda não foi inventada. A escola (digo, o professor de matemática, principalmente) enxerga a calculadora como um objeto impuro, pornográfico, a ponto de bani-la da sua sala de aula”. Ubiratan D'Ambrósio enfatiza a importância da inserção da tecnologia na vida da criança. Usualmente, no âmbito escolar, temos construído significados que associam a calculadora à inibição do raciocínio ou à preguiça. Porém, ao explorarem este artefato cultural, os estudantes desenvolvem habilidades vinculadas ao cálculo mental, à decomposição e à estimativa, rompendo com aqueles significados destacados anteriormente. Além disto, com a exploração da calculadora estaremos auxiliando os alunos a lidarem com problemas de seu dia-a-dia (compra e venda de produtos, custo de uma produção, etc) e também preparando-os para o mercado de trabalho, o qual exige, cada vez mais, trabalhadores capazes de operar com as novas tecnologias. Como afirma D'Ambrósio (1993, p.16), “ignorar a presença de computadores e calculadoras na educação matemática é condenar os estudantes a uma subordinação total a subempregos”.
As orientações didáticas para a utilização da calculadora atendem a três aspectos básicos: desenvolvimento de conceitos e habilidades de pensamento (análise, inferência, previsão); resolução de problemas; atitudes frente ao ensino e aprendizagem de Matemática. Usando a calculadora, o aluno pode concentrar sua atenção no desenvolvimento de estratégias de resolução e na aquisição de conceitos, desligando-se de cálculos repetitivos e extensos. Para o professor é a oportunidade de se fazer uma abordagem mais ampla em torno do conceito, evidenciando o seu significado e a análise de diferentes situações em que o conceito pode ser aplicado.
No processo de resolução de problemas, o uso da calculadora evidencia-se como um meio para a busca de soluções. Nesse sentido, essa funciona como ferramenta para facilitar e agilizar os cálculos, permitindo que as atenções do aluno sejam mais destinadas à compreensão dos conceitos em questão ou à estratégia de resolução do problema. Ainda na perspectiva da resolução de problemas, as atividades com calculadora podem ser de natureza investigativa. A partir delas o aluno é levado a participar de pesquisas e descobertas. É possível verificar as regularidades, investigar as propriedades dos números, realizar estimativas, formular hipóteses e verificar resultados. No que se refere às atitudes, o trabalho com a calculadora deve levar o aluno, fundamentalmente, a refletir e a decidir sobre como e quando usá-la, identificando os cálculos mais apropriados para serem feitos na máquina. É importante que o aluno faça estimativas prévias, favorecendo, assim, a determinação da ordem da grandeza e que seja capaz de avaliar os resultados obtidos na calculadora. Com certeza praticamente todos os estudantes de hoje utilizarão a calculadora em suas práticas sociais. Então, cabe à escola ensiná-los a fazer uso inteligente das máquinas. É necessário promover uma discussão entre professores em torno das mudanças nas abordagens e nos métodos de ensino que estão associados ao uso da calculadora na prática pedagógica, alertando que o simples fato de permitir o seu uso nas aulas de matemática não levará à resolução de todos os problemas. Deve-se, portanto, ter muito claros os objetivos e os diferentes métodos com os quais a calculadora pode contribuir para a aprendizagem.(Texto elaborado pelas assessoras pedagógicas:Adriana Zini, Marinês F. da Silva e Teresinha M.Salvador).
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